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Biometano na agroindústria: eficiência energética com aproveitamento de resíduos

Responsável por quase um terço da economia brasileira, a cadeia do agronegócio — que inclui produção no campo, agroindústrias e serviços associados — representou 27,4% do PIB nacional em 2023. O dado é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dentro desse ecossistema, o uso de biometano na agroindústria tem ganhado protagonismo como alternativa concreta para unir eficiência energética, redução de emissões e valorização de resíduos.

Setores como laticínios, frigoríficos, cervejarias e indústrias de alimentos processados geram efluentes com alta carga orgânica e resíduos sólidos com elevado potencial energético. Esses resíduos ainda são pouco aproveitados na maioria das operações. Esse subaproveitamento representa tanto uma perda econômica quanto um desafio ambiental para o setor.

É nesse cenário que o biometano se consolida como uma solução estratégica para a agroindústria. A partir da biodigestão anaeróbica, é possível transformar resíduos em energia limpa, diminuir custos operacionais, ampliar o aproveitamento da matéria-prima e atender às metas de sustentabilidade de forma estruturada.

Ao longo deste artigo, exploramos como o biometano na agroindústria pode impulsionar a descarbonização, melhorar o desempenho energético e gerar valor ambiental, econômico e reputacional.

Por que investir em biometano na agroindústria é uma decisão estratégica?

Investir em biometano na agroindústria vai além de uma escolha ambientalmente correta. Trata-se, portanto, de uma decisão estratégica que fortalece a performance econômica e a competitividade do setor.

O processo de biodigestão anaeróbica permite transformar efluentes líquidos e resíduos sólidos com alta carga orgânica em energia renovável, na forma de biogás e biometano. Isso gera benefícios diretos como:

  • Redução de custos com energia térmica e elétrica: especialmente em regiões com tarifas elevadas ou instabilidade no fornecimento.
  • Substituição do diesel e do gás natural em frotas e caldeiras: com ganhos logísticos e econômicos relevantes.
  • Mitigação de riscos ambientais: ao eliminar práticas como o descarte de efluentes sem tratamento ou o uso ineficiente de resíduos.
  • Acesso a mercados sustentáveis e certificações: como RenovaBio, com possibilidade de emissão de CBIOs (Créditos de Descarbonização).
  • Valorização de imagem e reputação: junto a consumidores, investidores e parceiros institucionais.

Além disso, o biometano oferece uma vantagem competitiva importante ao permitir a produção descentralizada de energia, reduzindo a dependência de fontes fósseis e aumentando a resiliência das operações. Isso acontece especialmente em um contexto de transição energética e exigências crescentes de rastreabilidade ambiental.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil pode ultrapassar 2,1 milhões de m³/dia de capacidade instalada de biometano até 2027, com emissões até 2,5 vezes menores do que a eletricidade usada em veículos. Esse dado reforça a solidez ambiental e econômica do biocombustível na matriz energética nacional.

A experiência da Bioo como exemplo de eficiência, circularidade e inovação ambiental na agroindústria

Entre os modelos mais bem estruturados de uso de biometano na agroindústria, destaca-se a atuação da Bioo, uma plataforma de biossoluções. A empresa opera com um modelo pioneiro de centrais industriais modulares que tratam resíduos orgânicos com alta carga poluente provenientes de indústrias de alimentos, bebidas, carnes, biodiesel, entre outros e os transformam em energia limpa e fertilizante biológico.

Um exemplo concreto é a unidade Bioo Triunfo, localizada no Rio Grande do Sul. A planta opera com zero emissões e zero resíduos, adotando um modelo de economia circular em escala industrial. Os resíduos, antes tratados como passivos ambientais, passam a integrar cadeias produtivas sustentáveis, com ganhos energéticos e financeiros. Além da produção de biometano, a unidade ainda gera fertilizantes biológicos e presta serviços ambientais certificados, como a recuperação de áreas contaminadas e o atendimento a normas de responsabilidade compartilhada pós-consumo.

O biometano produzido será injetado diretamente na rede de distribuição da Sulgás, a partir do segundo semestre de 2025, tornando-se combustível renovável para indústrias e frotas, e contribuindo para a descarbonização de setores intensivos em carbono.

Além dos resultados operacionais, a Bioo também tem compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Entre os ODS priorizados estão: energia limpa e acessível (ODS 7), consumo e produção responsáveis (ODS 12) e ação contra a mudança global do clima (ODS 13). Suas soluções contribuem diretamente para o cumprimento dessas metas, especialmente por meio da recuperação energética de resíduos industriais e da transformação de impacto ambiental em valor agregado.

Com esse modelo, a Bioo reforça como soluções de biodigestão e bioenergia podem ser economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e escaláveis. É um caso concreto de como a energia regenerativa já está transformando cadeias produtivas e territórios no Brasil.

O potencial do biometano na agroindústria brasileira: dados, escala e perspectivas

Com uma das maiores produções agroindustriais do mundo, o Brasil também concentra uma das maiores disponibilidades de resíduos orgânicos com potencial energético. Estudo recente da Agência Internacional de Energia (IEA, 2025) aponta que economias emergentes como Brasil, Índia e China concentram cerca de 80% do potencial global de biogás e biometano, com destaque para a produção a partir de resíduos de culturas agrícolas e efluentes industriais.

Esse dado ganha ainda mais relevância quando olhamos para o contexto da agroindústria brasileira, responsável por uma parcela expressiva dos resíduos orgânicos do país. Matérias-primas como restos da produção de bebidas, alimentos, carnes, óleos vegetais e derivados lácteos, quando tratadas por biodigestores, tornam-se fonte de energia renovável e insumo para a regeneração de solos. Isso representa uma vantagem dupla que amplia o retorno sobre o investimento em bioenergia.

O potencial de expansão é evidente: além da viabilidade técnica, existe uma janela estratégica impulsionada por pressões do mercado internacional, novos marcos regulatórios e crescimento da demanda por energia limpa e rastreável. O biometano atende a todas essas exigências com a vantagem de ser produzido localmente, com infraestrutura escalável e matéria-prima disponível.

Outro ponto-chave é o incentivo financeiro. Unidades que produzem biometano a partir de resíduos certificados podem gerar CBIOs (créditos de descarbonização) no âmbito do RenovaBio, além de acessar linhas de financiamento específicas voltadas à transição energética e à economia circular.

Bioenergia com impacto: hora de transformar resíduos em estratégia de crescimento

O biometano na agroindústria não é apenas uma solução ambiental, mas, sim, uma resposta concreta às exigências do mercado global por operações mais limpas, rastreáveis e resilientes. Em um cenário onde energia e sustentabilidade caminham juntas, apostar em biodigestão é transformar passivo em ativo, custo em eficiência e impacto em diferencial competitivo.

A Sebigas Cótica atua com projetos sob medida para a realidade de cada cliente. Com expertise em engenharia de biodigestão, bioenergia e operações industriais, oferecemos soluções de alta performance para o aproveitamento energético de resíduos — com segurança técnica, retorno financeiro e visão estratégica de longo prazo.

Se a sua agroindústria busca um modelo de produção mais limpo, rentável e alinhado às metas de descarbonização, é hora de fazer do biometano um pilar estratégico para o futuro da sua operação.

Fale com a equipe da Sebigas Cótica e descubra como transformar resíduos em valor energético e ambiental para o seu negócio.